domingo, 5 de fevereiro de 2012

FALANDO UM POUQUINHO SOBRE TGD.


COMO O DSM-IV DEFINE OS TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO? E QUAIS SÃO ELES?
    A DSM-IV, define os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento como sendo: “prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação, ou presença de comportamento, interesses e atividades estereotipados. Os prejuízos qualitativos que definem essas condições representam um desvio acentuado em relação ao nível de desenvolvimento ou idade mental do indivíduo.”

    A DSM-IV classifica o Transtorno Global de Desenvolvimento em 5 categorias distintas de situações: Transtorno Autista, Síndrome de Rett, Transtorno de Aspenger, Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação.
Segundo o DSM-IV, a principal característica do Transtorno Autista é o prejuízo da criança, em seu processo de desenvolvimento, no que se refere à interação social, principalmente na área da comunicação interpessoal, à aquisição da linguagem e a estruturação de jogos simbólicos ou imaginativos. Considerando esse processo de desenvolvimento, o DSM-IV aponta que, para se diagnosticar um quadro autista a pessoa deve apresentar seis ou mais itens do conjunto de características abaixo:

•    Alterações significativas nas condutas de relação não verbal, tais como: contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social;
•    Dificuldade ou, até mesmo, incapacidade em desenvolver relacionamentos com pessoas da sua mesma idade ou em mesmo estágio de desenvolvimento;
•   Ausência de comportamentos que objetivem, espontaneamente, compartilhar prazeres, interesses ou realizações diversas com outras pessoas;
•     Falta de reciprocidade social ou emocional;
•    Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por uma tentativa de compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímica);
•  Em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação;
•    Uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática
•    Dificuldade acentuada em participar e desenvolver, espontaneamente, jogos ou brincadeiras de imitação social variados;
•  Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse e ou comportamento;
•    Adesão aparentemente inflexível às rotinas ou rituais específicos e não funcionais;
•   Estereotipias motoras repetitivas (por exemplo, sacudir as mãos, balançar a cabeça, retorcer dedos ou outros);
•    Preocupação persistente com partes de objetos e a não significação da função do objeto como um todo.

    A Síndrome de Asperger compreende outro transtorno invasivo do desenvolvimento, entretanto diferentemente do autismo infantil, a criança com Síndrome de Asperger apresenta desenvolvimento cognitivo e intelectual normal e não apresenta atraso no desenvolvimento da fala. Neste caso, o desenvolvimento da criança parece normal, mas, no decorrer dos anos, seu discurso torna-se diferente, monótono, peculiar e há, com freqüência, a presença de preocupações obsessivas. Sua capacidade de interagir com outras crianças torna-se difícil, sendo pouco empática, apresentando comportamento excêntrico e possuindo grande dificuldade de socialização, o que tende a torná-la solitária. Outra característica é o prejuízo na coordenação motora e na percepção visoespacial. Esse indivíduo freqüentemente apresenta interesses peculiares e pode passar horas assistindo ao canal da previsão do tempo na televisão ou estudando exaustivamente sobre temas ou assuntos preferidos como dinossauros, carros, aviões ou mapas de ruas, por exemplo. (Klin, 2006)
    A síndrome de Rett é uma anomalia genética que causa desordens de ordem neurológica e afeta, principalmente, crianças do sexo feminino. Segundo o DSM-IV, a Síndrome de Rett acarreta, ao indivíduo, múltiplos e significativos prejuízos em seu processo de desenvolvimento, apresentando as primeiras manifestações desses comprometimentos após o período de 6 a 12 meses de vida. Nestes casos, a criança apresenta um processo de desenvolvimento normal1, ganha peso, interage com o seu meio de forma adequada, explorando os objetos e mantendo contato com os pais; entretando, a partir dos 6 a 12 meses, essa criança começa a perder ou atrasar etapas deste processo de desenvolvimento. A Síndrome de Rett é classificada em duas formas: clássica e atípica. Na forma clássica, o quadro clínico evolui em quatro estágios definidos Portanto, na Síndrome de Rett, a criança nasce normal e se desenvolve sem nenhum problema até aproximadamente o primeiro ano de vida. A partir daí, observa-se uma progressiva regressão mental acompanhada de dificuldades motoras e respiratórias, tremores e freqüentes ataques epiléticos. Podem ocorrer também os movimentos estereotipados com as mãos, típicos de crianças autistas.
    O Transtorno Desintegrativo da Infância, o DSM-IV caracteriza-o como também sendo um caso de desaceleração no processo de desenvolvimento. Entretanto, nesta situação, a criança tem um desenvolvimento normal até os 2 anos (e antes dos 10 anos) e, a partir daí, começa a apresentar significativas perdas de habilidades psicomotoras e cognitivas já conquistadas, ocorrendo a estagnação no processo geral de desenvolvimento.
    O transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, o DSM-IV aponta que o prejuízo severo no desenvolvimento da interação social recíproca e os interesses e comportamentos estereotipados são suas principais características. O Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação é identificado a partir de um diagnóstico diferencial, ou seja, quando tais características estão presentes, mas não são satisfeitos os critérios de diagnóstico para outros transtornos como, por exemplo, Esquizofrenia, Transtornos da Personalidade Esquizotípica ou Transtorno da Personalidade Esquiva.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE AUTISMO E SÍNDROME DE ASPERGER DE ACORDO COM O CID-10 E O DSM-IV?
    A diferença entre o autismo infantil e a criança com Síndrome de Asperger é que a primeira (autismo infantil) apresenta prejuízo da criança, em seu processo de desenvolvimento, no que se refere à interação social, principalmente na área da comunicação interpessoal, à aquisição da linguagem e a estruturação de jogos simbólicos ou imaginativos. E a segunda (Síndrome de Asperger) apresenta desenvolvimento cognitivo e intelectual normal e não apresenta atraso no desenvolvimento da fala.


DESCREVENDO OS QUATRO ESTÁGIOS CLÁSSICOS DO QUADRO CLÍNICO DA SÍNDROME DE RETT.
    Na forma clássica, o quadro clínico evolui em quatro estágios definidos:
•    Estágio 1 (de 6 a 18 meses de idade):
  •    Ocorre desaceleração do perímetro cefálico (reflexo do prejuízo no desenvolvimento do sistema nervoso central);
  •     Alteração do tônus muscular (às vezes parece "molinha");
  •    A criança interage pouco (muitas são descritas como crianças "calmas") e perde o interesse por brinquedos.
    Neste estágio, os primeiros sintomas da doença estão surgindo, mas muitas vezes nem são percebidos pelos pais (especialmente se são "marinheiros de primeira viagem"), ou pelos médicos (muitos deles desconhecem a Síndrome de Rett).

•    Estágio 2 (de 2 a 4 anos de idade):
  •     Ocorre regressão do desenvolvimento;
  •    Inicia-se a perda da fala e do uso intencional das mãos, que é substituído pelas estereotipias manuais;
  •     Ocorrem também distúrbios respiratórios, distúrbios do sono (acordam à noite
 com ataques de risos ou gritos);
  •     Manifestações de comportamento autístico.

•    Estágio 3 (de 4 a 10 anos de idade):
  •    A regressão é severa neste estágio e os problemas motores, crises convulsivas e escoliose são sintomas marcantes.              
  •    Há melhora no que diz respeito à interação social e comunicação (o contato visual melhora). Eles tornam-se mais tranquilos e as características autísticas diminuem.

•    Estágio 4 (a partir dos 10 anos de idade):
Este estágio é caracterizado pela redução da mobilidade, muitos pacientes perdem completamente a capacidade de andar (estágio 4-A), embora alguns nunca tenham adquirido esta habilidade (estágio 4-B).
  •     Escoliose, rigidez muscular e distúrbios vasomotores periféricos são sintomas
       marcantes;
  •     Os movimentos manuais involuntários diminuem em frequência e intensidade;
  •     A puberdade ocorre na época esperada na maioria das meninas.

    O trabalho com a criança autista requer uma estrutura com planejamento e rotina a ser seguida por esta criança, uma metodologia bastante usada com eles são o programa TEACCH – The Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children ( em português: Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits Relacionados com a Comunicação) criado por Eric Schopler. Professor de psicologia e diretor desse programa da Universidade da Carolina do Norte até 1994. Um dos pontos principais desse método é a colaboração e parceria entre equipe pedagógica e a família da criança.
    O programa se efetiva na estrutura de rotinas diárias e de um trabalho voltado a atividades práticas e visuais, então se trabalha através de pastas e pranchas que clarifica e ajuda o autista a perceber a tarefa a ser cumprida facilitando o aprendizado.  Abaixo alguns exemplos:


Alguns modelos de atividades em pastas

   






E de atividades em pranchas.



FONTE: arquivos pessoais de Adriana Mizerani - dri-mizerani@hotmail.com

3 comentários:

  1. adorei este site me ajudou muito em meu Trabalho de Conclusão que foi sobre TGD...

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    1. Fiquei muito feliz em saber que minhas postagens contribuiram para seu aprendizado e TCC. Abço!!!

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  2. obrigada pelo seu blog... sou professora e usei algumas sugestões suas como subsidio para as minhas aulas

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