AUTISMO - TRANSTORNO INVASIVO DO DESENVOLVIMENTO (T.I.D.)
A palavra vem do grego “autos”, que significa “si mesmo” referindo-se a alguém retraído e absorto em sim mesmo.
O
autismo é o mais grave distúrbio da comunicação humana. É um
transtorno do desenvolvimento e pode ser definido pelo comprometimento
da chamada tríade, ou seja, as três áreas nobres do desenvolvimento
humano: a comunicação, a interação social e a imaginação. Normalmente
aparece durante os três primeiros anos de vida, podendo não ser
evidenciados aos pais, dependendo de sua conscientização e gravidade da
doença.
Foi definido em 943 por Leo Kanner, psiquiatra austríaco residente em
Baltimore, EUA. Mas somente em 1980, no DSM-III (Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais, 3ª ed.), foi reconhecido como uma
condição clínica distinta. Antes disso as crianças recebiam o
diagnóstico de esquizofrenia infantil. De acordo com a definição de
Kanner, ocorre em aproximadamente em 5 a cada 10.000 nascimentos.
A ocorrência é três vezes maior, se for utilizada uma definição de
autismo mais ampla, englobando também casos com níveis variados de
comportamento muito próximo ao do autista. O autismo é quatro vezes mais
comum no sexo masculino, têm sido encontrados em todo o mundo, em
famílias de todas as etnias e classes sociais .
Segundo Kaplan e Cols. (1997), o autismo pertence ao grupo dos transtornos invasivos de desenvolvimento (T.I.D.).
Esses transtornos se traduzem por um grupo de condições psiquiátricas
nas quais as habilidades sociais, o desenvolvimento da linguagem e o
repertório comportamental esperados não se desenvolvem adequadamente ou
são perdidos no início da infância e geralmente afetam várias áreas de
desenvolvimento causando disfunções persistentes.
O transtorno autista (autismo infantil) é o mais conhecido dos
transtornos invasivos do desenvolvimento, é caracterizado por
“comprometimentos persistente nas interações sociais recíprocas, desvios
na comunicação e padrões comportamentais restritos e estereotipados”.
Estatisticamente, no Brasil, devem existir de 65.000 a 195.000
autistas, baseado na proporção internacional, já que nenhum levantamento
deste tipo foi realizado.
O autismo é um problema que afeta profundamente toda a família, que a
partir de chegada de uma criança autista, precisa modificar
profundamente todos os seus hábitos de vida, bem como receber apoio
emocional para conviver com a síndrome.
Considerando ainda a falta de informação e a escassez de tratamento
especializado para este mal, o problema toma proporções maiores.
SINTOMAS
Segundo o DSM-IV, (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, 4ª ed.), as características essenciais desse transtorno são um
desenvolvimento acentuadamente anormal ou prejudicado na interação
social e comunicação e um repertório marcadamente restrito de
atividades e interesses. As variações dos transtornos dependem do nível
de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.
O prejuízo na interação social é amplo e persistente , havendo um
comprometimento marcante no uso de múltiplos comportamentos não verbais
(contato visual direto, expressão facial, posturas e gestos corporais),
que regulam a interação social e a comunicação.
O prejuízo na comunicação é do mesmo modo marcante e persistente ,
afetando tanto as habilidades verbais quanto as não verbais.
Os portadores do transtorno autista têm padrões restritos, repetitivos e
estereotipados de comportamentos, interesses e atividades.
Aproximadamente 60% dos autistas apresentam valores de QI abaixo de 50,
20% deles oscilam entre 50 e 70 e outros 20% tem valores acima de 70.
A maioria mostra uma variação ampla de desempenho em testes diferentes e
em ocasiões diferentes de aplicação dos testes. Muitas das crianças
autistas apresentam habilidades especiais, como quebra-cabeças, mas
manifestam grave retardo em outras áreas.
Sendo,portanto de vital importância um tratamento multidisciplinar
específico para minimizar as dificuldades estabelecidas por essa
patologia.
O
autismo não pode ser diagnosticado apenas a partir de um só sintoma, é
necessário que estejam presentes simultaneamente os sintomas principais o
que acontece, por vezes, antes dos 3 anos.
Ao
longo da vida há uma evolução dos sintomas, relacionada com as
características dos diferentes níveis etários e com as características
individuais. A pessoa com autismo é um indivíduo único e não deixa de
passar por todas as etapas da vida como qualquer outro ser humano.
O bebé com autismo pode:
-demonstrar indiferença, falta de interesse pelas pessoas e pelo ambiente, medos estranhos;
-não dar resposta ou então dá respostas diferentes das dadas pelos outros bebés;
-ter problemas de alimentação, ou de sucção;
-ter falta de interesse pela comida; rejeição ou preferência por certos alimentos;
-ter problemas de sono;
-chorar muito ou nunca chorar.
Até
aos 12 meses podem aparecer comportamentos repetitivos, restritivos ou
estereotipados (bater palmas, rodar objectos, abanar a cabeça). A criança pode ter interesses obsessivos pela luz, por um brinquedo ou objecto. Pode tardar a andar.
Até
aos 24 meses, manifesta-se a ausência ou dificuldade de comunicação
verbal e gestual. A linguagem pode tardar ou não aparecer.
A
criança pode não manifestar interesse pelas actividades de autonomia
que começam geralmente nessa idade (querer comer sozinho e vestir-se
sozinho); dá respostas inadequadas aos estímulos sensoriais: tem hipo ou
hiper sensibilidade ao frio e ao calor, à luz, à dor ou a certas
texturas. Há falta de correlação da causa efeito.
Depois dos 2 anos, a criança pode não brincar normalmente, não entrar em brincadeiras com pares ou com o grupo. A esta altura, os problemas do domínio cognitivo, especialmente de linguagem, começam a estar presentes.
A
criança com autismo usa a ecolália frequentemente. Fala, utilizando
padrões repetitivos e não usa o «sim» e o «não»; inverte os pronomes;
escolhe palavras cujo som lhe agrada e repete-as fora do contexto. Não
compreende os sentidos figurados.
O período dos 3 aos 6 anos é uma etapa muito difícil para a criança e para os pais, pois a deficiência manifesta-se claramente. Podem aparecer comportamentos agressivos, birras sem causa aparente, medos excessivos ou irracionais em situações diárias.
Dos
6 anos à adolescência alguns dos sintomas mais perturbadores de
comportamento tendem a diminuir. Mas o autismo permanece, como uma
incapacidade, para o resto da vida.
Com
educação adequada, os sintomas podem não ser tão patentes e haver uma
melhoria da qualidade de vida. Por outro lado, um ambiente inadequado ou
a falta de uma educação apropriada, podem levar a uma regressão e/ou
perda de capacidades previamente adquiridas e ainda à degradação de
comportamentos como a auto-mutilação, gritos, destruição…
Características e Sintomas comuns:
Características e Sintomas comuns:
CAUSAS
Quando o autismo foi diagnosticado pela primeira vez há quase 60 anos, os psiquiatras acreditavam que se tratava de um distúrbio psicológico, reflexo das atitudes de maus pais, ou mais especificamente, de uma mãe fria e distante. Quer dizer: como se não bastasse a dificuldade de ter um filho autista, pelo menos duas gerações de pais ainda levaram a culpa pela síndrome de seus filhos. A partir dos anos 60, essa tese perdeu credibilidade e hoje ninguém tem mais dúvidas de que o autismo é um transtorno de origem biológica e nada ou pouco tem a ver com comportamento. Ainda não se sabe bem que regiões do cérebro seriam afetadas. Autópsias revelam que as células da região límbica responsável por mediar o comportamento social são menores e mais condensadas nos autistas, sugerindo uma interrupção precoce no desenvolvimento dessa parte do seu sistema nervoso . Mas isto é apenas uma hipótese. Por trás dos fatores que determinam o autismo, diversas hipóteses vêm sendo levantadas, tais como:
Quando o autismo foi diagnosticado pela primeira vez há quase 60 anos, os psiquiatras acreditavam que se tratava de um distúrbio psicológico, reflexo das atitudes de maus pais, ou mais especificamente, de uma mãe fria e distante. Quer dizer: como se não bastasse a dificuldade de ter um filho autista, pelo menos duas gerações de pais ainda levaram a culpa pela síndrome de seus filhos. A partir dos anos 60, essa tese perdeu credibilidade e hoje ninguém tem mais dúvidas de que o autismo é um transtorno de origem biológica e nada ou pouco tem a ver com comportamento. Ainda não se sabe bem que regiões do cérebro seriam afetadas. Autópsias revelam que as células da região límbica responsável por mediar o comportamento social são menores e mais condensadas nos autistas, sugerindo uma interrupção precoce no desenvolvimento dessa parte do seu sistema nervoso . Mas isto é apenas uma hipótese. Por trás dos fatores que determinam o autismo, diversas hipóteses vêm sendo levantadas, tais como:
Genética: Evidências
colocam a genética como a mais provável causa do autismo. Irmãos de
autistas têm 25 vezes mais chances de sofrer da síndrome. Entre irmãos
gêmeos, essas chances são 375 vezes maiores. O mais intrigante é que
apenas 20% dos autistas são do sexo feminino.
Doenças infecciosas: Pesquisas
indicam que infecções pré-natais como rubéola, caxumba, sífilis e
herpes podem estar relacionados com as causas de autismo. Mas não se
sabe ainda qual interação de vírus e bactérias determinaria a ocorrência
da síndrome. No Brasil, a pesquisadora paulista Eneida Matarazzo está
publicando uma polêmica tese sobre o assunto. Médica do Departamento de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas em São Paulo, Eneida defende que
alguns casos de autismo têm origem numa resposta errada do sistema
imunológico a determinados tipos de vírus e bactérias. Depois de usar
medicamentos imunossupressores em crianças que apresentaram quadros de
autismo após infecções bacterianas, ela diz que conseguiu em alguns
casos reverter os sintomas.
Intoxicação química e ambiental: Na
cidade de Leomenster, em Massachusetts, Estados Unidos, foi encontrada
uma incidência maior de autismo num local onde já esteve instalada uma
fábrica de lentes para óculos de sol. O interessante é que a proporção
mais alta de casos de autismo estava nas casas situadas exatamente na
direção da fumaça trazida pelo vento das chaminés da fábrica. A hipótese
é considerada em vários estudos sobre a incidência de autismo.
PREVENÇÃO
A prevenção deve ser vista como um programa abrangente de medidas dirigidas em três níveis:
Prevenção Primária: Não
tendo tendo sido possível, até então determinar todas as causas que
levam o Autismo, a Prevenção Primária acontece no níveis das prevenções
das deficiências em geral, tais sejam: cuidados pré-natais, que envolvam
a sistematização da obrigatoriedade de imunização de doenças próprias
da infância, e aconselhamento genético.
Também devem ser considerados fundamentais os cuidados pré-natais como a
atenção ao parto, atendimento da criança nível berçário e puericultura,
para evitar e identificar procedimento quaisquer afecções que acometam
nesse período.
Prevenção Secundária: Concebe-se
uma possível identificação precoce dos primeiros sinais de atraso no
desenvolvimento da criança que sugira um possível caso de autismo, que
permita evitar a evolução para um quadro de autismo completo.
Prevenção Terciária:
Concebe-se uma intervenção bio-psico-social para a habilitação do
indivíduo autista de forma a possibilitar o resgate de suas
potencialidades e promover o seu desenvolvimento.
TRATAMENTO
Uma educação altamente estruturada, previsível e voltada para o
desenvolvimento de habilidades individuais, tem se mostrado muito
eficiente em todo mundo. Habilidades de linguagem e sociais devem ser
desenvolvidas o máximo possível.
As famílias necessitam de apoio, como todas as famílias onde um dos
membros apresente um distúrbio permanente. Deve-se tomar cuidado em
evitar conselheiros familiares não esclarecidos que, erroneamente
atribuem autismo a atitudes ou comportamentos dos pais.
A assistência clínica de profissionais especializados como médico,
fisioterapeuta, fonoaudióloga, psicóloga, pedagoga, psicopedagoga,
terapeuta ocupacional, nutricionista são fundamentais, podendo
representar graus variados de evolução, bem como melhor entendimento dos
transtornos autistas, melhoria nas relações interpessoais,
representando melhora na qualidade de vida tanto das pessoas acometidas,
como seus familiares e pessoas próximas.
Fonte: http://gustavofisio.blogspot.com.br/2011/05/autismo-transtorno-invasivo-do.html
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